segunda-feira, 22 de junho de 2009

Armadilha gloriosa



Imagem: Entreato de Daumier

A história mostra que só os que perseveram triunfam. Ainda que às vezes o troféu alcançado seja uma arma de duas pontas. O governo de Havana lançou uma campanha sem precedentes contra a Organização dos Estados Americanos (OEA) e os amigos incondicionais, nem escassos nem preguiçosos, somaram-se à cruzada.

Esquecendo, por momentos, que eles são membros desse organismo continental e a mancha que o atinja concerne a todos. Espero que o governo dos irmãos Castro não menospreze a oportunidade que se lhes dá ao ser revogada a cláusula que em 1962 expulsou Cuba da OEA.

As autoridades da Ilha devem olhar com uma óptica diferente o futuro do país e existe uma regra que vem, cumprido o tempo, como anel no dedo: ajuda se queres que te ajudem.

Não me refiro a inimigos externos ou internos, pois cubanos somos todos e não temos porque pensar igual. De diferentes critérios se pode encontrar a razão. Semanas antes escutei vários funcionários governamentais, incluído o presidente da República Raúl Castro Ruz dizerem, e talvez eles acreditem que é assim, que libertar presos políticos é um gesto de boa vontade...para com os Estados Unidos. Que desatino ingênuo.

Qualquer medida em benefício de um cubano é sim um gesto de boa vontade, é um feito inegável, porém com nenhum governo estrangeiro, senão com os próprios cubanos.

Existem condições favoráveis para o futuro da América, muitos governos no poder são de tendências de esquerda e muito amigos de Cuba. O que não se pode ver ou escutar é o insolente "Pátria ou Morte, Venceremos".

Esclareço, alguns desses governos almejam o socialismo, porém com matizes diferentes do exportado pela extinta União Soviética para este pequeno caimán (Cuba, devido ao seu formato geográfico de jacaré=caimán) banhado pelas águas do mar do Caribe.

Agora há que se esperar a resposta cubana: se aceita ingressar na OEA, reprovável na época por apoiar, ainda que fosse manipuladamente, as infaustas ditaduras do passado sem que importasse à ela as ideologias que proclamavam.

Cuba deveria aceitar os princípios democráticos estabelecidos na Carta Magna do organismo continental. E, além disso, os tempos que correm são para olhar o futuro com otimismo e para a própria OEA, em seu conjunto, decidir o bem para esta bela ilha para todos os cubanos.

Havana tem, e não é que deva, aceitar o desafio. Repito, tem que aceitar novas propostas, tem que mudar. São muitos anos isolados por um motivo ou outro. Da minha perspectiva vejo avançar o Equador, Venezuela, Bolívia e outros, com acertos e desacertos, porém pensando no bem de todos.

Talvez com o patrocínio destes países amigos, nosso governo fique envolvido numa armadilha com sabor de glória para eles, porém que pode beneficiar em curto ou médio prazo mais de 11 milhões de cubanos, ávidos por liberdade e prosperidade.

Pablo Pacheco.

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