quinta-feira, 11 de junho de 2009

Galeria 43



Imagem: O suicídio de Dorothy Hale de Frida Kahlo

Ao nascer Deus nos outorga o direito estimulante de sermos livres. Direito inerente ao homem desde a criação de Adão e Eva. No curso da história surgiram as leis e não creio que todas tenham sido justas, porém ao menos serviram para por um pouco de ordem neste mundo meio louco aos olhos de Deus.

Faz uma semana despertou em mim o desejo que conhecer os motivos destes 26 homens que convivem comigo neste sepulcro de homem vivos. A primeira conclusão a que cheguei é que o sistema reeducativo não tem funcionado bem, pois há 23 reincidentes na prisão. E só 4 somos primários.

Outro dado que me chamou poderosamente a atenção são os réus que foram criados pelos seus pais biológicos. Existem 6 casos, os demais, 21, crescemos com a ausência de um de nosso pais, em especial o pai. Quatro foram criados pelos avós e , como dado curioso, são os que foram às prisões em idade mais tenras.

Dezoito pertencemos a raça branca, e nove são negros. Sem esquecer que nesta bela ilha, o que não tem de Congo, tem de Carabalí. Nove destes homens passaram por escolas de condutas ou centros reeducativos de menores.

Existe uma situação curiosa na prisão. O governo, na sua propaganda, cuidando de dar uma imagem positiva aos centros penitenciários obriga os prisioneiros à estudarem. Ao não o fazerem, perdem muitos dos benefícios concedidos. Aqui só 3 chegaram ao bacharelato, dois são universitários e os demais são semi-analfabetos.

Os que chegaram ao 9o grau, quando eram livres, aqui tem que voltar a estudar, a não ser que apresentem um certificado do Ensino Médio. Devo fazer um aparte, os réus preferem começar desde o primeiro grau, já que é uma das formas que têem de sair das galerias e respirar ar puro, no dizer deles mesmos.

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