sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Carta de Antonio Días Sánchez


Imagem: Abstrato de Luís Trápaga

Entre dias tediosos pensando em sua família, especialmente em Jenny, a filha maior que viajou em abril para os Estados Unidos, Tony passa seus dias de cativeiro numa cela da prisão provincial de Ciego de Ávila, Canaleta. Hoje recebí uma carta de Antonio Díaz Sánchez, tirada clandestinamente da zona de isolamento da citada penitenciária.

Nela conta que a visita correu bem. Estavam: minha esposa, minha filha menor, a irmã e sua esposa. Vale dizer, os de sempre. Quando solicitou visita íntima, como é costume neste cárcere para os presos habaneros, o oficial de guarda se retirou e quando regressou me disse que Reineiro lhe havia dito que hoje não me cabia. Então mandei dizer que ele tinha razão, que já tinha passado o momento. Na realidade queria apelar à consciência deste militar, Tte. Coronel Reinieiro de Canaleta. Do contrário miha esposa deveria regressar dentro de 8 dias para estarmos juntos nas 3 horas de visita íntima.

Eu sabia a resposta porém queria obrigá-lo a me dizer como Pablo Manuel, "eu sou muito mal", para logo expor a merda de sua maldade e assim aconteceu. Quando o oficial da guarda regressou, atual chefe de controle penal, disse-me que Reinieiro dizia não, que tinha que ser no dia 20 próximo. Disse-lhe em tom familiar: isso nao tinha problema. É o chefe e até no lixão da rua 100 há um chefe, e o chefe é chefe ainda que seja do lixão.

Isto se converteu no meu slogan frente a prepotência planificada para me coagir. Devo esclarecer que nada disto ele faz por iniciativa própria, para não deixar passar os cigarros que Julita traz, para não ter direito à assistência religiosa, etc, etc. Isto é pensado pelo G-2 ou talvez lhe deram um cheque em branco para que agisse mais adiante como ele disse.

Na mesma quarta-feira bem cedo fui visitado em meu aposento, por um maioral de uniforme. Disse ser o oficial da Seguridad (segurança de estado) na prisão. Lembro-me que foi ele que me trouxe a ranitidina que foi entregue por Pablito nos primeiros dias aqui. A conversação foi interrompida pela revista. Não sei se chegou antes dela para distrair-me ou se realmente queria conversar comigo, porém me prometeu continuar com o diálogo, ainda que duvido que regresse porque minha esposa trouxe uma série de escritos, fotocópias que foram recolhidas para verificação. Devo salientar que Pedro Argüelles afirma que as fotocópias foram entregues à família de Antonio Díaz Sánchez.

Noutra parte da carta Tony comenta:- Espero que vocês entendam minha estratégia. eles tratam de me atrapalhar apertando o torniquete, porém eu finjo que não entendo, e enquanto seus métodos vão fracassando seguem subindo a tensão, porém a minha também sobe. A única coisa que peço à Deus é que me dê saude e força para resistir. Mesmo assim Tony arrazoa suas palavras: -enquanto isso a solidariedade irá aumentando e vejo que eles com todas essas ações fazem muito bem seu papel de algozes e eu, todo o tempo, com minha resistência pacífica, serei a vítima. Esta não tem sido a minha intenção, senão o resultado do procedimento da prisão. Por exemplo, neste últimos dois meses escrevi 6 cartas para a minha família e nenhuma chegou. Além disso, seria muito bom que pessoas dentro e fora de Cuba me escrevam. O endereço é: Prisão Provincial de Canaleta, Carretera de Sanguily, kilometro 2 e meio, zona de isolamento. corredor 1, cela n. 1, Antonio Díaz Sánchez, Ciego de Ávila. Devem me chegar cartas para ter públicamente mostradas suas manobras sujas que iluminariam a obscuridade onde operam.

Tony finaliza sua correspondência sugerindo: -Também acredito que as pessoas possam escrever para Reineiro Díaz Betancourt, no mesmo endereço, exortando-o para que me permita assistência religiosa e banho de sol sem as algemas. Estas coisas, te peço, podem parecer insignificantes porém têm um tremendo resultado.

Abraços para Félix, Alonso, Pedro e Pablito e também meu respeito e carinho à todas as pessoas de boa vontade que se solidarizam comigo.

Pablo Pacheco

Jornalista Independente, grupo dos 75

Prisão provincial de Canaleta, Ciego de Ávila

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2 comentários:

  1. Pablo Pacheco está preso por ter opiniões divergentes dos atuais comandantes de Cuba. E há ainda, quem aqui no Brasil, se emocione com os intermináveis discursos do verdadeiro capitão-do-mato, Fidel Castro. ONde estão os esquerdistas brasileiros que exigiam eleições diretas Já? Onde estão os que denunciavam o golpe de 64? Aqui, estamos com eleições livres desde 1989. Cuba é ditadura desde 1958. E, se as prisões dos divergentes continuarem, essa maravilhosa ilha será controlada até quando?

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  2. Cuba continua ainda brigando contra o mundo e prejudicando, torturando, matando aqueles que discordam das ordens do partido comunista central. Se Fidel e camarilha abrirem o regime dando permissão para sair quem bem quiser, não tenho a menor duvida todos se iram a Miami.

    Como o país é uma ditadura das piores, se igualando a China, Coréia, Venezuela sabemos que isso nunca irá acontecer, pois a famiglia Castro comanda tudo como se seu fosse, claro tudo em nome do ideário de Marx.

    Burduna nelles !!!

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