terça-feira, 22 de setembro de 2009

Sobre o concerto de Juanes

Como um sucesso sem a relevância que na realidade merece, as autoridades de cultura de Cuba anunciaram um possivel concerto do cantor colombiano Juanes. Um amigo de quem dependo quando preciso de uma informação eficaz me explicou que a raiz do aviso deu início a uma chuva de críticas de um setor intolerante em relação a qualquer benefício à Cuba, ou melhor, ao governo cubano. Com certeza que isso é um direito que têm e do qual eu seria incapaz de privá-los, porém é necessário compreender que quando Juanes nos deleita com sua música não o faz para agradar Obama, Uribe, Chávez ou Raúl Castro.

Ele canta para todos os povos e é bem claro nas declarações: "Canto para a paz". Identificar-se com os cubanos é necessário. Se queremos abrir-nos para o mundo e que o mundo se abra aos cubanos, temos que aprender a tolerar, porém sobretudo temos que amar sem obstáculos. Com isso não estou dando o beneplácito ao governo de Havana. Estou preso por escrever o que penso e creio que isso conta.

Várias perguntas surgem sobre o tapete: quantos bons cantores deixaram de atuar nos palcos cubanos nos últimos 50 anos? Ou, quantos espaços de liberdade foram perdidos?

Estou certo que em Miami é uma pequena comunidade que não deseja que Juan Esteban Aristizabal, Juanes, cante em Havana. Eu, ao contrário, tenho saudade das vozes, ao vivo, de Willy Chirino, Gloria Stephan, Albira Rodríguez, Maggy Carlé e outros bons cantores cubanos.

Imaginemos que aqui, os que ainda estamos em Cuba, inclusive no cativeiro, nos privem do direito da atuação de Andy García. Espero que minhas dúvidas se dissipem quanto à possível manipulação do Ministério da Cultura quanto a Juanes e rogo para que Miguel Bosse não se submeta. Mesmo assim imploro para que Olga vença o temor e sei que contra ela não existe conspiração justificada. Ele não é só um ídolo em Miami ou em Havana, é um ídolo universal. E os cubanos têm e merecem que vê-lo atuar entre nós.

Juanes, ganhador de 5 Granmy latinos em 2008 por seu disco “La vida de um ratico” assegurou à imprensa nacional que cantará pela paz, merece respeito e oxalá que outros grandes da música se somem a este projeto.

Os cubanos estamos ávidos por ver atuar o mais valioso e brilhante dos palcos.

Pablo Pacheco

Jornalista independente, grupo dos 75

Prisão provincial de Canaleta, Ciego de Ávila

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