Por Pablo Pacheco
Vôo: Obra de Noel del Rosal Ortiz
O tema sobre o qual escrevo hoje não é uma questão de afinidade por uma ideologia ou outra, no final os homens morrem e as ideias perduram. Porém é imprescindivel alcançar a humanidade dos que têm em seu poder a responsabilidade pelo futuro de um homem. Há várias semanas o preso político Orlando Zapata Tamayo protagoniza uma greve de fome que pode ter resultados imprediziveis para sua saúde. Trata-se de um homem que, asseguram os que o conhecem, é uma pessoa modesta, valente e capaz de levar até as últimas consequencias uma causa pelo respeito alheio e em defesa do direitos fundamentais do ser humano. Nestes instantes Zapata Tamayo se encontra numa sala do hospital da prisão Combinado del este, segundo me explicou um amigo.
Esta história terrivel começou na primavera negra de 2003, quando apesar de Zapata ter méritos de sobra para estar incluído no grupo dos setenta e cinco, não teve o privilégio de ingressar no "seleto agrupamento" por manobras astutas da polícia política cubana. Agora encontra-se entre a vida e a morte. Só exige um tratamento decente e humano. A culpa pelas consequencias de um desenlace nefasto cairá sobre a consciência de homens que por trás de um uniforme militar, subjugam, torturam e golpeam seres humanos privados de liberdade.
Em meio a crise em que Cuba vive - uma das mais severas de sua história - voltou a ser comum lançar o ódio acumulado contra os prisioneiros, especialmente os presos políticos. Peço em brados que alguém me explique quem outorgou à esses guardas o direito de golpearem este homem, pacífico por natureza. Por acaso acreditam que governam na selva?
Esta situação em que se encontra Zapata Tamayo deve servir para chamá-los à reflexão e exigir das autoridades de Havana o cessar das hostilidades contra a dissidência pacífica. Por outro lado, o reconhecimento infinito aos que permaneceram dia e noite na periferia do hospital Amalia Simone, velando pela evolução do seu irmão de luta apesar da extrema vigilância dos serviços de inteligência cubanos. Há que se ressaltar que os cinco presos políticos e de consciência que nos encontramos na prisão de Canaleta, em Ciego de Ávila, nos solidarizamos com Orlando Zapata e sua família. Está na hora dos donos do poder nesta ilha responderem positivamente as demandas do dissidente enfermo. Oxalá amanhã não seja tarde.
Do meu ponto de vista vejo duas opções que correspondem a palavras sensíveis porém necessárias: respeito e tolerância. Zapata Tamayo deve viver, pois ainda pode fazer muito por Cuba.
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