Imagem tirada de www.cubaencuentro.com
Algumas vezes tentei escrever sobre um grande cubano, porém não consigo aceitar que Orlando Zapata Tamayo já não esteja entre nós. Na semana passada escrevi um artigo onde chamava à reflexão porque temia um desenlace fatal para este patriota. Depois falei com Yarai Reyes, esposa do prisioneiro de consciência Normando Hernández González.Ela, como sempre, me explicou os detalhes e o que escutou pela Rádio Martí sobre o funeral. Senti uma emoção dificil de narrar ao escutar a declaração de Reina Tamayo à imprensa. Outra mãe cubana que perde um filho nas prisões deste pais, com o agravante da sua condição de preso de consciência, reconhecido como tal pela Anistia Internacional.
Informaram-me sobre as declarações do presidente de Cuba, o general de Exército Raúl Castro Ruz. Não confio nele, tampouco creio na sinceridade de suas palavras ao lamentar a perda de uma vida humana. O irmão do lider da Revolução cubana não moveu um dedo a favor dos que amam Cuba de um perfil diferente dos comunistas. Além disso, ao estarmos privados de liberdade, alguns de nós padecemos de doenças crônicas adquiridas na prisão. Existem inclusive casos de risco de morte. Sou um fiel investigador da história da minha pátria e não me lembro na feroz ditadura de Fulgencio Batista de um caso similar ao de Zapata Tamayo.
É possivel que os responsaveis pelo desaparecimento físico do dissidente não encontrem sossego na hora do descanso. Não imagino como poderão agora olhar na cara dos seus filhos e netos. É uma responsabilidade muito forte para a consciência humana.
Hoje devo agradecer a gestão da Igreja Católica no acompanhamento dos últimos momentos deste irmão de luta. A direção maior do pais não teve compaixão por este homem. Quero perguntar aos responsaveis: o que ganharam? Por acaso é suficiente para vocês aferrarem-se ao poder pagando um preço extremamente desnecessário? Hoje a pátria de José Martí está de luto, o ódio e a intolerância abreviaram a vida de uma pessoa de somente quarenta e dois anos. Perdoa-os meu Deus, perderam a noção do dever. A comunidade internacional criticou o fato, asseguro-lhes que isto não basta. É impredizivel até onde podem chegar os donos absolutos do poder.
Soubemos do ocorrido com Orlando Zapata Tamayo, porém o honramos em cada um dos nossos corações, com a convicção de que Orlando Zapata Tamayo vive. Seu legado é um ponto de partida para as novas gerações e uma vergonha sem limites para os que podiam fazer e não o fizeram. Chegamos ao momento de gritar, o silêncio é cúmplice da injustiça. Já basta de ódio, já basta de rancor, já basta de intolerância e maldade. Amemo-nos e assim honraremos Orlando Zapata Tamayo, símbolo indiscutivel de uma futura Cuba livre, independente e democrática.
Pablo Pacheco Ávila
sábado, 27 de fevereiro de 2010
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