quinta-feira, 25 de março de 2010
Beisebol e eletricidade
A atual série nacional do beisebol cubano passará para a história pelo seu desenrolar e pela surpreendente atuação de equipes como Cienfuegos e Guantánamo que, graças aos resultados, sucederam-se na série post tempostada. As autoridades das bolas e dos strikes decidiram realizar as partidas em horários diurnos por toda a campanha e só uma partida noturna, para economizar eletricidade, num país em que o povo nunca imagina qual será o último sacrifício exigido pelos donos da nomenclatura no poder.
Este comentário é devido aos torcedores da pelota no pavilhão 3 galeria 43 da prisão provincial de Canaleta em Ciego de Ávila, em especial à um torcedor que desde o começo dos primeiros play-offs, proclamou desafiante aos quatro ventos que seu time, Industriales, sairia do jejum com o melhor time da temporada: Sancti Spiritus. René Valle Ibarra, ou Bimbo, como chamam este homem industrialista por excelência, nunca duvidou que os azuis da capital; demonstrando que apesar das decepções, lesões e deserções, continua sendo o time símbolo do campo.
Talvez a paixão pelo jogo me tirou da ideia original. Os fãs do esporte nacional se perguntam uma vez por outra como é possivel que o Coloso del Cerro não possa fazer jogos a noite devido a problemas com a iluminação. Na realidade, percebo mais miséria humana que desejos de economizar eletricidade. Recordemos que o Latinoamericano tem sido sede em inúmeras ocasiões de eventos internacionais, de centroamericanos até copas do mundo. Só jogos olímpicos prescindiram do excelente estádio, por razões óbvias.
Falar em Cuba do Coloso da capital, respeitando as proporções contudo, é como o Yankee Stadium de Nova York, o Santiago Bernabeo de Madri ou o Maracanã brasileiro. É possivel, não duvido, que a próxima temportada de beisebol no campo possa resultar numa frustração para os torcedores e não me refiro aos resultados da equipe vitoriosa em nossos torneios, senão a ingerência obrigatória das autoridades do país no jogo que chamamos de paixão nacional. Todos queremos nos divertir com um encontro noturno entre os azuis e os sempre difíceis santiagueiros.
Enquanto escrevo estas linhas, os capitalinos e seus vizinhos de Havana esperam pela definição do último classificado para a final da zona oriental. Ciego de Ávila repete a atuação do ano passado discutindo pelo bandeirinha do Oriente. Nestes dias, Cuba práticamente se paraliza, todos estaremos esperando o próximo campeão de beisebol. Eu, como sempre, respeitando o conceito de imparcialidade, desejo que ganhe o melhor, exortando o governo para que resolva o conflito da eletricidade no nosso Latinoamericano.
Pablo Pacheco Ávila, prisioneiro de consciência.
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