Imagem tirada durante a Bienal de Havana
Hoje poderia ser um dia qualquer...lamento não poder dizer o mesmo. É o 11o aniversário do meu filho Jimmy. Faz 6 anos devido a ausência forçada pelo ódio e a maldade, incapaz de compreender que todos os homens não pensam do mesmo modo, e esse tem sido o castigo com que o governo me separou do meu filho. Encarcerar-me.
À minha memória vem o dia do seu nascimento, sentí tanta felicidade que chorei, para ser sincero com a minha consciência, também chorei na cela no dia em que o deixei dormindo como um Anjo, quando as forças da segurança do estado me prenderam. Jimmy sofreu, ou melhor, sua mãe, por não poder gozar o direito de levá-lo à um círculo infantil como qualquer menino de mãe trabalhadora, práticamente tinha que andar com o menino nas costas todo o tempo.
O pecado de Jimmy era ser filho de um jornalista independente. Só pude ver o menino vestido com o uniforme escolar graças a uma fotografia que minha esposa tirou no primeiro dia de aula. Estava longe, muito longe, na triste prisão de Agüica, na província de Matanzas, a mais de 450 km do meu lugar em Ciego de Ávila.
Meu filho foi crescendo, Oleyvis serviu de mãe, pai, amiga e hoje é um menino correto e educado, um pouco tímido e calado, talvez receioso da vida. É normal. Eu o compreendo. Porém também adora seus pais e respeita os professores.
A pergunta que sempre lhe ocorre e que mais faz, é: Porque Fidel Castro encarcerou meu pai? Ainda é muito jovem para compreender. Rogo, peço à Deus, para que passe um dia feliz hoje. E espero que no próximo aniversário, passemos juntos, saiamos a passeio os tres: eu, sua mãe e ele, em qualquer lugar, o importante é passarmos bem os tres, como deveria ser durante estes seis anos em que estive ausente.
À ele e a mim só nos resta perdoar os responsáveis por este duros anos de cárcere. Oxalá que à eles não suceda o mesmo que fizeram com Jimmy e comigo.
Pablo Pacheco, prisão de Canaleta
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