sábado, 26 de setembro de 2009

Reconhecimento


Imagem: Abstrato, de Luis Trápaga

Estimado senhor Pablo Pacheco:

Chamo-me Sebastián Lebré. Trabalho como apresentador da televisão holandesa e devido ao meu trabalho tenho tido a sorte de ver grande parte do mundo. Dessa forma tenho entrado em contato com diferentes culturas, regiões e formas de espiritualidade; com a pobreza e a riqueza absurdas. Tenho falado também com pessoas de países governados por ditadores. Tudo aquilo que experimentei nesses lugares foi traduzido seguidamente em temas para meus programas. Aí pude provar muitas das coisas boas e más que nosso mundo pode oferecer. Todavia não pretendo saber ou conhecer como são sentidas determinadas situações de vida porém, com certeza, estas experiências me permitiram compreender melhor o fato de viver num país livre, o que constitui para mim uma grande fortuna e algo em que devo pensar de vez em quando.

O texto que você escreveu em novembro de 2003 "Os inimigos da liberdade podem ter força, porém não razão; podem ter leis, porém não justiça; podem ter meios de comunicação, porém não a verdade; podem manipular os pensamentos de um homem, porém não sua consciência; podem encarcerar o corpo, porém não o espírito, signo de um herói".

Para mim torna-se difícil compreender a enorme força que se necesita para ser consequente com estas palavras num sistema que tudo faz para vencê-lo. Só posso expressar-lhe meu profundo respeito por isso. Creio também que é verdade o que você disse; "podem destruir o corpo de um homem, porém nunca sua vontade", porém é mais fácil dizê-lo do que fazê-lo.

Tenho falado com várias pessoas sobre você e todos duvidamos se nós teríamos numa situação similar a mesma força de vontade que você tem. Nestas conversações surgiram rápidamente as comparações com Nelson Mandela, com Ghandi e com Martin Luther King. São exemplos de pessoas com uma crença tão forte em suas próprias convicções que sacrificaram tudo em troco delas. Cada um deles havia visto a luz pela qual nunca mais puderam existir na obscuridade.

Na minha opinião você mostra exatamente o mesmo e expresso por isso a maior admiração. É uma lástima que eu não possa fazer nada por você, exceto dizer-lhe que está em meu pensamento e no dos meus amigos. São talvez só palavras soltas, porém a partir do momento em que lí sua história você se converteu numa fonte de inspiração para mim.

Desejo-lhe uma força inesgotável assim como o apoio e a compaixão de Deus e também uma boa saúde. Você está nos meus pensamentos.

Cordialmente.

Sebastián

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3 comentários:

  1. Pablo,

    Vc consegue ler o seu Blog? diferentemente de Yoani, vc acha que este governo vai anistiar ou melhor, libertar vcs por alguma presão intenacional? e o que vc faria depois de solto? continuaria sua luta pela liberdade do teu país ou calaria para não ser preso novamente? vale a pena colocar um filho no mundo e não poder curtir a educação dele, pelos teus ideais?

    Abração.

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  2. Pablo,
    Sou do Brasil. Resido em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Agora, por acaso, deparei-me com o teu BLOG. Li vários textos. Impressionante! Vejo a miséria que é viver numa prisão. Já trabalhei em um prisão de segurança máxima aqui no Sul do Brasil. Evidente que o teu caso é diferente. Tu és um homem que pensa. Quem pensa sofre mais. Pensar é perigoso para o sistema. Não seio o que te dizer. Mas estou contigo, onde tu estiveres. Um abraço carinhoso.

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  3. Força e animo, a verdade virá ao de cima. A tua luta saira vitoriosa. Os carrascos dos castros e o seu sistema socialfascista será derrotado.
    Vou espalhar o blog pelo meu universo.
    um grande abraço.
    xico ribeiro
    portugal

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