sábado, 24 de abril de 2010
Com Deus ou com o diabo.
A música e o esporte são, na minha concepção, idiomas universais; cada um é o reflexo da sociedade onde se desenvolve. Esta ilha a mercê do mar do Caribe é considerada (sic) por sua localização geográfica como a chave do golfo, vive nestes dias a euforia do beisebol, esporte nacional e paixão que nos consome. Mesmo assim para dar os play-off para decidir o novo campeão das bolas e os strikes, um grupo de jovens com excelente percepção musical (sic) dão um concerto emocionante na sede da intolerância de Cuba: a tribuna antiimperialista José Martí.
Seu cantor principal, René, apresentou-se com uma "X" quantidade de desenhos e letreiros no corpo. Não o critico, tampouco o aplaudo; porém devo acrescentar que tatuagem não é da minha predileção, todavia o tema em questão nada tem a ver com as marcas em sua anatomia.
O grupo Calle 13 contagiou, com as letras de suas canções, um público bem exigente como é o da capital. Averiguei e analisei a estrofe mais atrevida: "o povo manda e o governo obedece". Num país onde as autoridades no poder sufocam sem (sic) consequencias o menor vestígio de dissidência. O exemplo mais recente foram as turbas fanáticas alentadas pelo ódio e a intolerância denegrindo ameaçadoramente as Damas de Branco.
Os jovens músicos pediram a liberdade dos 5 agentes dos serviços de inteligência cubanos encarcerados, faz mais de uma década, em prisões dos Estados Unidos. Segundo amigos e colegas em liberdade me contam, eles declararam: "vivemos no mesmo planeta, todos somos humanos e entre os presos e familiares quem mais sofre são os últimos".
Convido estes artistas para que visitem a família de presos políticos e de consciência, e compreenderão o significado do orgulho, para um ser querido, o servir a pátria incondicionalmente. As vezes pressinto que esta ilha viive envolta numa bolha impermeável e que alguns estrangeiros prefiram a desinformação devota à crua realidade.
Calle 13 continua sendo notícia. Alguém me contou que desfilaram na marcha convocada e protagonizada pela família Estefan. Não ignoro que têm esse direito; inclusive não me incomoda em absolutamente que queiram estar em paz com deus e o diabo. Porém tenho uma posição bem clara: os presos políticos e de consciência cubanos precisamos mais do que palavras, fatos. Em certa idade é dificil que as pessoas possam ser manipuladas, a não ser que elas prefiram ser manipuladas.
Desejo que Calle 13 continue obtendo êxitos.Nós, os presos políticos e de consciência, precisamos de respeito e sobretudo de justiça.
Pablo Pacheco Ávila, prisioneiro de consciência
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