terça-feira, 27 de abril de 2010
Moratinos e Havana
O ilustre ministro de assuntos exteriores da Espanha, Miguel Ángel Moratinos, volta a carga. Em sua faina pelo diálogo entre a União Européia, Espanha e Cuba, demonstra postura absoluta entre o bloco europeu e Havana, segundo informa o diário Granma, órgão oficial do Partido Comunista de Cuba.
Além de risível, é ridícula a postura de Moratinos. Devo esclarecer que nunca estarei contra o diálogo, sempre aposto a favor das conversações, porém tudo tem um preço. Quando se passa do limite chega-se, sem percerber, na hipocrisia.
Na realidade nada tenho contra Moratinos e seu governo; pode defender a teoria de dialogar mesmo que não se possa deixar de opor que este método fracassou algumas vezes em Havana. O diplomata espanhol deve levar em conta que Orlando Zapata Tamayo era um ser humano. A nomenclatura no poder nega que Zapata Tamayo esteve encarcerado por motivos políticos e de consciência. Além do mais, ser um preso comum não mudas as coisas. O simples fato de ser uma pessoa é mais do que suficiente para (poder) criticar o mais humano dos sistemas.
Vivo convencido que Moratinos desconhece que nesta prisão de Canaletas em Ciego de Ávila, ao menos 6 internos cometeram suicídio em apenas 14 meses. O mundo conheceu o acontecido graças aos presos políticos e de consciência pois a imprensa oficial desconhece ou quer desconhecer a situação deplorável nos centros penitenciários.
Não compreendo a surdez política do governo cubano. Nestes dias soube de mais de 35 mil assinaturas de intelectuais de todo o mundo exigindo a liberdade dos presos políticos e de consciência, muitos com a saúde depauperada após 7 anos de cativeiro.
Estas rúbricas, para mim, têm um duplo significado. Isto demonstra que, apesar do ódio que as autoridades mostram para com os dissidentes, não estamos sós. Um dia, todos os cubanos, teremos que nos sentar à mesa do diálogo. Nesse dia não estarão em jogo uma ideologia ou um sistema de governo; nesse dia veremos o que é o melhor para a pátria.
É possivel que as palavras de Moratinos nos ofendam como, faz pouco, nos ofenderam as declarações do mandatário brasileiro Luis Ignacio "Lula" da Silva. Todavia não posso deixar de recomendar a Moratinos, e também a Lula, que se instruam sobre a realidade crua dos presos políticos e de consciência nas diferentes prisões deste país.
Nada desculpa Moratinos pela sua ignorância, e lembro-lhe que é político mesmo que pense como empresário. Todavia nós continuaremos firmes e amando Cuba acima de qualquer interêsse pessoal.
Pablo Pacheco Ávila, prisioneiro de consciência
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