terça-feira, 8 de junho de 2010

Minha confiança

As conversações entre o Cardeal Jaime Ortega e o presidente da república Raúl Castro começaram a dar os primeiros frutos. É possível que este critério muito particular lance sobre mim uma caça às bruxas dentro e fora da Ilha. Em honra a verdade isto não é um motivo para me tirar o sono. Tampouco o são os vinte anos de privação da liberdade à que me condenou um tribunal de Ciego de Ávila precisamente no dia do meu aniversário de 33 e que não conseguiram tirar meu sono. Inclusive daqui de dentro continuo escrevendo sobre as barbaridades cometidas em cada uma das celas desta penitenciária, tratando de refletir sempre o que me dita a consciência. Não farei uma exceção com este tema das negociações entre a igreja e o estado cubano.

Segundo fontes dignas de confiança as autoridades asseguraram à Igreja católica cubana que poriam fim aos terriveis atos de repúdio. Essas mostras de intolerância que não cabem no mundo civilizado de hoje e que provocaram repulsa nacional e internacional ao serem exercidas sobre as valentes e pacíficas Damas de Branco. Mesmo assim a imprensa foi informada da chegada dos presos políticos e de consciência nas suas províncias de origem, que infortunadamente o ódio e o autoritarismo tem mantido há 7 anos e 3 meses - desterrados longe de suas casas para castigar seus familiares. A distância dos seus converteu-se também numa ferramenta de pressão sobre estes homens para tratar de dobrar, infrutiferamente, sua dignidade além de tentar quebrar com isto a estabilidade das suas famílias.

Em primeiro de junho seis presos da causa dos 75 foram transladados até suas províncias de residência, para cárceres de maior ou menor severidade. Alegro-me pelo translado de alguns dos colegas de causa, todavia também sei que estamos transitando por um caminho muito delicado no qual qualquer tropeço pode conspirar contra os resultados. Seria bom que outras associações da nossa sociedade sigam o exemplo desta instituição milenar.

Não posso terminar sem enfatizar os presos de consciência que estão em pior estado de saúde e que adquiriram, ao menos, uma doença no cativeiro. Sou dos que pensam que a liberdade deles deve ser incondicional, para todo o grupo dos 75 que resta na prisão, pois o cárcere para nós não só tem sido injusto como só tem servido para consolidar nossos princípios políticos. Temos aprendido a sermos muito mais humanos entre estas grades.

Pablo Pacheco Ávila

Bookmark and Share

Nenhum comentário:

Postar um comentário